sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Edição nacional



Haikai nacional
Aroma daqui
Qual tigela de açaí



Luiz Furquim e Flávia Furquim
Haikai a quatro mãos
04/11/2011

(fonte imagem: www.priscilamedeiros.wordpress.com)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dueto



Pai e filha. Concentração.
Haikais na tela do PC.
Singela sugestão.


Luiz Furquim e Flávia Furquim
Haikai a quatro mãos
25/10/2011

(fonte imagem: www.pcweb.com.br)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Naquela tarde



Naquela tarde, a Morte entrou pelo buraco da fechadura enquanto ela lia, sentada num balanço. A invasora aproximou-se lentamente e esticou-lhe o dedo indicador, seco e curvo:

-"Venha!" - dizia, sem falar.
-"Como assim?... Isso é comigo?" - respondeu ela, displicentemente, sem se abalar com o cheiro de enxofre que a medonha exalava.
-"Venha comigo agora!" - insistia aquele dedo, quase lhe espetando a cara.
-"Deve haver algum engano, essa não é minha hora" - e falava sem desviar os olhos da página aberta em suas mãos, pois a interrupção se dera no momento mais emocionante da sua leitura.

Aperreada, a Morte baixou seu braço tirano e começou a dar voltas em torno de sua escolhida, numa tentativa inútil de intimidação.

-"Minha senhora," - continuou - "volte outro dia, volte outra hora. Volte daqui a cem anos. Ou então nem volte. Agora eu tô mesmo muito ocupada, não tenho como lhe dar atenção." - repetia, a voz um tanto enfadada.

Estatelada, estarrecida, indignada! Assim ficou a Morte perante essa insolentezinha que parecia não se dar conta da importância de sua presença ali, do grandioso significado daquele momento! Isto nunca lhe acontecera antes! Sua autoridade, questionada! Pior, nem mesmo questionada, meramente ignorada, diminuída, solapada!!

Não sabia o que fazer diante do ineditismo da situação. Sua mera aparição diante dos eleitos sempre fora suficiente para que compreendessem a mensagem do seu gesto. Gritavam, choravam, imploravam, argumentavam, se assustavam. É verdade que, às vezes, chegava tão sorrateira que não lhes dava tempo de pensar. Seguiam-na sem perceber do que se tratava, para somente depois - tarde demais - lamentarem a desdita. Mas seguiam, num reconhecimento de sua magnitude!

Havia também os que ficavam-lhe gratos. Sim, pois como não? Não era apenas temida, era também esperada, ansiosamente esperada! Chegava mesmo a ser solicitada de tempos em tempos, chamada de improviso. Atendia sempre que possível, gostava de ter seus serviços apreciados, embora acontecesse freqüentemente de não estar disponível fora da hora marcada. Paciência, que aguardassem seu destino como tinha que ser.

Mas isso, de fazerem descaso com seu chamado, deixou-a confusa! Não havia precedentes, não estava previsto no manual das sugestões para casos especiais. A leitora continuava ali, alheia, absorvida no instante de sua história. Tão tranqüila, tão segura que desarmou a Morte. Que foi se afastando, tão de leve como havia surgido. Desapontada. Desorientada. Despeitada.

Naquela tarde, decidiu ler um livro.



(fonte imagem: www.desideratto.com)

domingo, 7 de novembro de 2010

Noite estrelada





Lua nova e céu estrelado. Embaixo, campos, cidades, mares e montanhas não interferem na serenidade dos pontos de luz que cintilam na noite escura, indiferentes ao vaivém da superfície. As desavenças e torpezas humanas não os alcançam. Somente chegam até eles as juras de amor dos namorados, as preces dos solitários, as ponderações dos estudiosos, os elogios dos poetas, o riso das crianças.
No parapeito da janela, ela observa tranqüila a paisagem noturna quando, subitamente, o rastro luminoso que corta o espaço lhe desperta um desejo:

- Quando eu morrer quero ser estrela...



(fonte imagem: www.picasaweb.google.com/Galeria de leandro/Matthias Kulka)
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